Alguém, em algum lugar

Em junho de 2007, meu mundo caiu com a seguinte frase: SEU EXAME DEU POSITIVO! Pronto, naquele momento perdi o chão, os sonhos, meu eu, ficou tudo no chão daquela sala do CTA Henfil no centro de São Paulo... Enquanto a assistente social falava que não era o fim do mundo e blá blá blá, eu só conseguia repetir dentro da minha cabeça: EU TENHO AIDS! EU TENHO AIDS! EU TENHO AIDS! É complicado receber uma notícia dessas aos 26 anos, com muitos sonhos pela frente, muito a fazer, a me divertir e até a aprontar... Sai sem alma do CTA, caminhando pelas ruas com o exame no bolso sem saber o que pensar, falar, ver ou até ser, eu não sabia mais como ia ser o futuro, se haveria futuro, se eu seria feliz, enfim, não sei o que se passa na cabeça de quem descobre isso, na minha, uma gigante interrogação, me sentia como Luciana Scotti, em Sem Asas ao Amanhecer (ótima dica de leitura)...Eu nunca tinho ficado doente, nem gripe forte eu tivera, sempre fui muito saudável, muito regrado, meio tonto até, não era promíscuo, uma vida sexual normal de conhecer, paquerar, transar, como qualquer cara interessante e solteiro solto aí pelo mundo, mas tinha acontecido comigo, justo comigo...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Histórico: Como se coubesse aqui!

Eu sou um cara normal, trabalho, estudo, tenho amigos, fim de semana. Enfim, uma pessoa como qualquer outra, com uma vida sexual ativa (não tanto quanto eu gostaria ou merecia, mas fazer o que?) Infância normal, não venho de uma vida sofrida, tampouco de uma vida grandiosa, tive a famosa infância 80, com meus ídolos vivos, se apresentando no programa do Chacrinha. Fui um adolescente rebelde, que arranhava três acordes no violão tentando tocar qualquer música da Legião Urbana, mas fui um adolescente feliz, meio bobão até...
Comecei a vida sexual como a maioria, na adolescencia, sem importância, sem amor, sem sonhos, foi mais pra "quebrar o jejum" que por amor mesmo... Se a primeira vez foi com camisinha? Não! Eu morria de vergonha de entrar numa farmácia pra comprar camisinha, alias, me lembro da primeira vez que comprei camisinha na vida: eu tava com tanta vergonha que comprei tanta coisa que nem precisava, só pra camisinha ficar perdida no meio da cestinha, me lembro de na época o salário mínimo ser R$ 100,00 e d'eu ter gastado mais de R$ 50,00 reais na farmácia, só pro pacote de camisinha passar desapercebido pela caixa da farmácia, e saí frustrado de lá, ela nem prestou atenção que eu tava levando um pacote de camisinha, nem olhou pra mim diferente e olha que quando eu fiz isso, já era homem barbado!
Hj não sei se fui um cara que transei muito sem camisinha, na verdade nunca pensei muito nisso, sei que usava as primeiras vezes no namoro, depois largava (como prova idiota de fidelidade, sei lá), sei que as camisinhas até perdiam a validade perdidas nas gavetas das cômodas ao lado da cama, na verdade acho que não fui um cara que transei muito, no fundo gostaria de ter transado muito mais, mas isso é assunto pra mais pra frente... Casei cedo, separei, enfim, uma vida cotidiana atual, já na vida adulta descobri a homossexualidade, mas mantendo a minha vida sexual mediana e não me inserindo no mundo gay (como se isso me protegesse, quanta ilusão), então, em junho do ano passado, um amigo tava com medo de fazer o exame por ter aprontado demais e eu muito tranquilo da minha consciencia decidi acompanhá¬lo e fazer o exame junto com ele, pra dar apoio moral. O exame dele deu negativo... O meu não.

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